Quando Dona Inhá-Inhá, uma simpática velhinha, viu as
belas pousadas e os luxuosos hotéis chegando em Piranga, ela percebeu que logo
perderia a sua clientela. Por mais que ela fosse uma agradável companhia, Dona Inhá-Inhá
saberia que teria apenas as companhias dos cães e gatos na sua velha pousada.
Ah! Mas não pensou duas vezes antes de gastar seu
dinheiro (economizado debaixo do colchão) para “levantar” a sua antiga pousada.
E logo colocou na porta o anúncio:
Pousada
de Dona Inhá-Inhá. Tradição de melhor preço. Agora com Piscina Aquecida, cama aquecida, Colchão quente, Sauna, Frigobar, café da manhã, almoço e jantar. TV,
DVD e Som Ambiente. Tudo isso pelo mesmo preço camarada
.
Logo, um casal em Lua-de-mel, que chegara no inverno
bravo de Piranga, se interessou pelo anúncio e pelo preço. Era o que podia
pagar. Dona Inhá-Inhá contando as suas prosas e proezas, recebia o sinal e os
levava para o quarto.
Um quarto limpo, porém muito humilde. Uma cama de casal
de madeira antiga, dois cômodos, chão de tábua quebrada e um banheiro pequeno
(no corredor). Isso tudo ficava invisível com a boa conversa da senhora.
Logo o casal resolveu tomar banho. O primeiro banho
juntos. Um chuveiro elétrico, que ligava depois de várias pancadas, e aquele
pingo delicioso frio entre as águas falhas e extremamente quentes. Depois, resolveram
jantar. Uma mesinha no canto da cozinha e, junto com a Dona Inhá-Inhá, tomava o
famoso caldo de mandioca. Como era gostoso.
O sono chegou e foram dormir. Antes, esquentar o colchão.
Dona Inhá-Inhá veio com um ferro e ela ficou minutos passando no lençol lavado
com sabão de coco. Cama quentinha, os pombinhos deitados. A cama tremeu a noite
toda, enquanto Dona Inhá-Inhá dormia o sono dos justos.
Logo cedo, o sol quente que só Piranga tem o ano todo.
Foram para a piscina. Um mergulho no tanquinho de 2 litros com água aquecida na
velha chaleira de Dona Inhá-Inhá. Logo depois, o mesmo banheiro do corredor,
todo fechado e com o chuveiro no quente, fizera aquele vapor de dar inveja aos
melhores hotéis. Vem Dona Inhá-Inhá jogando essência de eucalipto e dizia
sorridente... “Namorem bastante. È bom pra pele”.
E os dias foram passando. O almoço caseiro, o café de
rapadura, o suco de limão no frigobar... Quero dizer na velha geladeira da
cozinha. O bom programa de Sílvio Santos na TV (a única na sala). O DVD? Só
passava os vídeos da família de Dona Inhá-Inhá. “Esse aqui é o meu tataraneto,
olha como o bichinho é danado...”. E, antes de dormir, as pessoas que passavam
pela porta da pousada, ouviam o “som ambiente”. Dona Inhá-Inhá e os recém-casados
dançando um bom forró para esquentar a noite.
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